Nanotecnologia na concepção de tecidos inteligentes.

Como a ciência e a natureza refletem na moda?

No post anterior conversamos um pouco sobre a concepção de um tecido e, então, lançamos a ideia de que alguns deles podem possuir algumas características especiais dependendo de sua funcionalidade. E, como promessa é dívida, hoje vamos conversar um pouco sobre os tecidos inteligentes. Afinal, se nós desempenhamos múltiplas tarefas, precisamos de roupas que acompanhem nosso ritmo. Concorda?

Neste contexto, a nanotecnologia é amplamente utilizada como ferramenta para a produção dos tecidos inteligentes. Mas, peraí… O que é nanotecnologia aplicada à indústria têxtil?

A nanotecnologia gerou um impacto de inovação extremamente importante na indústria têxtil, devido à sua capacidade de conceber tecidos através da manipulação de seus átomos, construindo estruturas com múltiplas funcionalidades.

Quando comparamos as fibras naturais às sintéticas, a aplicação da nanotecnologia à concepção dos tecidos permitiu o aprimoramento de características como durabilidade e resistência, além de trocas térmicas mais eficientes, secagem mais rápida, aspectos visuais diferenciados, proteção UV, proteção antimicrobiana, ao mesmo tempo, em que a maciez e suavidade ao toque também foram alcançadas.

Agora, com tudo isso em mente, vamos conhecer um pouquinho dos tecidos inteligentes? Então, vem comigo!

Os tecidos inteligentes podem ser classificados como passivos, ativos e muito ativos.

Os tecidos passivos são os que mantém suas características independentemente dos estímulos externos do ambiente.

Nesta classificação podemos citar os tecidos isolantes que suportam altas temperaturas, sem variar propriedades como resistência, principalmente ao calor, durabilidade e estabilidade. Exemplos: o tecido de sílica, o de carbono, a fibra de cerâmica e o tecido de aramida.

Os tecidos ativos são os que respondem especificamente ao estímulo de um agente externo. Neste caso, podemos pensar num tecido transpirável que permite a passagem de suor, mas ao mesmo tempo impede que gotas de chuva sejam permeadas para dentro do tecido.

Você se lembra da flor de lótus? Ou já ouviu falar em efeito lótus? Certamente você já ouviu falar de tecidos auto-limpantes. Pois é… muitas vezes a ciência se inspira na natureza.

As folhas de lótus têm uma característica muito interessante, a super-hidrofobicidade, que é sua capacidade de repelir gotículas de água, fazendo com que as mesmas rolem sobre a sua superfície. Mas, como isso acontece?

A folha de lótus tem uma estrutura fina que é resultante da coexistência de papilas com tamanhos médios que variam de 10-20 µm de altura e 10-15 µm de largura, além de uma cobertura cerosa (você lembra da textura de cera? Isso, uma textura meio oleosa). Essas características minimizam a adesão física da gota à superfície da folha.

Gostou do insight? A dica de ouro é começar a observar mais a natureza. Ela pode te surpreender e inspirar em coisas que você nem imagina. Agora, vamos voltar a classificação dos tecidos inteligentes.

Os tecidos muito ativos são os que automaticamente adaptam sua funcionalidade como resposta a algum estímulo do ambiente.

Nesta classificação podemos citar os tecidos antimicrobianos, por exemplo. Um agente antimicrobiano bem conhecido é a nanopartícula de prata. Esta impede a proliferação de microorganismos nos tecidos, pois atuam na desativação desses microorganismos (vírus, bactérias). Sendo eficientes, mesmo depois de cem lavagens. No Brasil, temos muitas empresas comercializando este tipo de roupa.

Alguns efeitos extras bem bacanas acabam sendo observados com os tecidos contendo nanopartículas de prata, como a não geração de odores desagradáveis e nem desbotamento das peças. Isso porque, os microorganismos não encontram condições favoráveis à sua proliferação, mesmo em ambientes com alta umidade e calor.

Espero que este post tenha lhe ajudado de alguma forma. Não esqueça de deixar o seu comentário com dúvidas e sugestões. Assim, podemos aprender juntas cada vez mais. Beijos, Su e Ana.

Referências

Britto, L. R. G., Kitazawa, H. M., Pepece, O. M. C. O uso da nanotecnologia na indústria têxtil para inovar na moda gestante. Revista Brasileira de Gestão e Inovação. Brazilian Journal of Management & Innovation, v.6, n.2, 2019.

http://www.fibertex.com.br/produto/tecido-de-silica-para-isolamento-termico/, acessado em 03 de maio de 2021.

http://www.reisilisolamentos.com.br/tecido-para-isolamento-termico, acessado em 03 de maio de 2021.

https://textil.sp.senai.br/5762/entendo-as-tecnologias-repelentes-a-agua, acessado em 03 de maio de 2021.

https://www.cleanipedia.com/br/lavanderia/saiba-separar-as-roupas-antes-de-lavaras-diferencas-entre-tecidos-naturais-e-sinteticos.html, acessado em 13 de janeiro de 2021.

Sánchez, J. C. Têxteis inteligentes. Nanotecnologia. Química Têxtil, n° 82, 2006.

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